quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Árvores Artificiais podem ser úteis na luta contra o Aquecimento Global




Segundo Engenheiros Mecânicos britânicos algumas obras de Geo-Engenharia como as árvores artificiais e os fotobiorreactores à base de algas podem ser vitais na luta contra o Aquecimento Global a curto-prazo, permitindo ganhar tempo.



A Geo-Engenharia não é uma área nova mas investigadores da Institution of Mechanical Engineers, no Reino Unido vêm agora defender num relatório recente que é impossível evitar que ocorram Alterações Climáticas perigosas sem recorrer a estas inovadoras tecnologias.
Actualmente são vários os cientistas que afirmam que temos apenas algumas décadas para reduzir as emissões de carbono para a atmosfera antes que um aumento perigoso da temperatura global seja inevitável. Neste contexto, a Geo-Engenharia surge como ferramenta útil, devendo ser usada em conjunto com outras medidas para reduzir as emissões e para promover uma adaptação aos efeitos das Alterações Climáticas.



No relatório são identificados dois tipos de Geo-Engenharia. Segundo Nem Vaugh co-autor do relatório “A primeira categoria procura arrefecer o planeta reflectindo alguma da luz solar [para o espaço]”. E o autor acrescenta “O outro tipo de Geo-Engenharia permite a remoção de carbono da atmosfera e o seu armazenamento.”



A equipe estudou centenas de opções tecnológicas, mas foram apenas três as que se revelaram exequíveis. A primeira implica a produção de árvores artificiais que absorveriam carbono da atmosfera através de um filtro. Cada árvore artificial teria a dimensão aproximada de um contentor de transporte e seria capaz de remover milhares de vezes mais CO2 do que uma árvore verdadeira do mesmo tamanho. Segundo Tim Fox, co-autor do relatório, cada uma destas árvores poderia absorver 10 toneladas de carbono por dia e apenas 100 000 unidades seriam suficientes para absorver as emissões dos transportes no Reino Unido. Esta tecnologia já existe em protótipo e pode passar à fase de produção em massa brevemente.



O segundo método para remover CO2 da atmosfera faz uso de fotobiorreactores à base de algas, constituídos por recipientes transparentes com algas que ao realizarem a fotossíntese absorveriam dióxido de carbono da atmosfera e que seriam colocados nas fachadas dos edifícios.
Por último, a 3ª alternativa tecnológica que os cientistas sugerem para lutar contra o Aquecimento Global implica a reflexão de parte da radiação solar que incide sobre a Terra de volta para o Espaço, concretizável através da colocação de telhados reflectores nos edifícios.



Segundo Tim Fox, que apresentou o relatório “Acreditamos piamente que a Geo-Engenharia prática que estamos a propor pode ser implementada e pode tornar-se parte da paisagem nos próximos 10 a 20 anos”.


Fonte: BBC News

sexta-feira, 2 de outubro de 2009


Comida de verdade


Com a ajuda de experts, percorremos

supermercados e descobrimos os

mandamentos para você simplificar

suas compras e identificar de vez

quais são os alimentos mais saudáveis

Corredores compridos e bem iluminados comportam prateleiras empanturradas, com cartazes coloridos despencando do céu. Um labirinto de produtos (são mais de 8 mil itens!) para nos alimentar. No carrinho prateado, um pacote com o meu café-da-manhã: leite desnatado e/ou reconstituído, preparado de morango (água, morango, amido modificado, corante natural carmim-cochonilha, acidulante ácido cítrico, conservador sorbato de potássio, edulcorantes artificiais, ciclomato de sódio, aspartame e acessulfame de potássio, aromatizante e espessantes, goma xantana e goma guar) açúcar, leite em pó desnatado, amido modificado, fermento lácteo e estabilizantes gelatina e pectina. A minha avó Dora diria que é comida de astronauta ou algo vindo de outro planeta. Mas é apenas um potinho de iogurte de sabor morango. O próprio supermercado lembra uma nave espacial para Dorinha, acostumada que era com os mercadinhos que vendiam apenas... comida. Simples, fresca, dava para reconhecer logo de cara do que se tratava.
Foi a partir dos anos 50 que os supermercados passaram a substituir feiras e mercearias país afora, agrupando a enxurrada de produtos que a indústria alimentícia desenvolveu para facilitar a nossa vida. Enlatados, congelados, empacotados, pratos semiprontos e processados surgiram para agilizar o preparo da refeição e dar conta de alimentar a população. Uma maravilha da tecnologia. Acontece que, no meio de tantos novos produtos que surgem a todo instante, perdemos a noção do que é de fato mais saudável.
Para desvendar os mistérios de um supermercado, desbravamos suas prateleiras com a ajuda de nutricionistas, especialistas em alimentação e até designers dessas redes de varejo – e descobrimos a seguir os mandamentos que podem revolucionar suas próximas compras.


1. Coma comida (ou evite o que a sua bisavó não reconheceria como alimento)
Trocando em miúdos: é muito mais interessante para sua saúde ingerir alimentos frescos e integrais, a boa e velha comidinha caseira, do que processados e industrializados. Por isso vale lembrar a época de nossos bisavós (ou até tataravós) e recuar no tempo há pelo menos 80 anos, numa época em que não havia tantos produtos para comer empacotados. Por quê? Bem, é que hoje existe uma penca de outras substâncias comestíveis com aparência de comida, como explica Michael Pollan em seu livro Em Defesa da Comida. O jornalista americano – e o mais recente guru da alimentação – fez uma extensa pesquisa sobre a mudança de comportamento alimentar ocidental nas últimas décadas. Colunista de gastronomia do New York Times, ele constatou que a preferência de consumo migrou drasticamente nos últimos anos dos produtos encontrados na natureza, como um singelo pé de alface, uma peça de alcatra e um suco de laranja, para os práticos alimentos embalados – o que ele chama, não sem polêmica, de comida de imitação. Entram nessa categoria lasanhas, tortas e sobremesas prontas, sucos e sopas em pó, nuggets e hambúrgueres que são uma moleza de preparar.
O ponto levantado pelo jornalista é que não sabemos mais ao certo o que estamos colocando da boca para dentro. Porque, para um alimento ou prato prontos durarem bastante na nossa geladeira ou despensa, são adicionados uma série de outros ingredientes que não fazemos a menor idéia do que sejam. Mas o pior mesmo, segundo Pollan, é que muitas doenças adquiridas pelos hábitos alimentares surgiram dessa nova dieta ocidental rápida de preparar, mas com superabundância de calorias e principalmente três perigosos ingredientes: açúcar, sal e gorduras, que nosso corpo tem uma predisposição a gostar e cujos sabores são difíceis de achar na natureza, mas são bastante comuns e abundantes em comidas processadas.
Daí que separar o joio do trigo nas gôndolas dos supermercados ficou uma missão quase impossível. Tanto é que uma pesquisa realizada entre dezembro de 2007 e janeiro de 2008 pelo Instituto de Pesquisas Ipsos mostrou que 49% dos entrevistados brasileiros têm mesmo a maior dificuldade em escolher e identificar alimentos saudáveis.
A boa notícia é que a própria indústria alimentícia começou um movimento para melhorar o perfil nutricional dos seus produtos. Um exemplo é a criação do Programa Minha Escolha, uma iniciativa global de representantes da indústria (que acontece em mais de 50 países, inclusive no Brasil) que estabeleceu critérios em relação às quantidades de quatro nutrientes: gorduras saturadas, gorduras trans, açúcares e o sódio (sal) – que, quando consumidos em excesso, causam doenças como diabetes, obesidade e problemas cardiovasculares, segundo a Organização Mundial de Saúde. Os produtos que têm quantidades controladas desses nutrientes recebem o selinho Minha Escolha em suas embalagens. Outro jeito de maneirar o consumo desses nutrientes em produtos industrializados é dar uma bela olhada no rótulo: os ingredientes aparecem primeiro na ordem de maior quantidade.
Uma tendência importante que está acontecendo em todo o globo é o renascimento da agricultura local e orgânica, que está aí para comprovar que é possível sim voltar a comer comida de verdade sem precisar voltar ao tempo da bisavó ou abandonar o supermercado – e a civilização.

2 Evite pôr no carrinho produtos com ingredientes difíceis de pronunciar
A lista de ingredientes de um produto espichou com a industrialização. Pegue um pão, por exemplo, que tem na sua composição básica farinha, água e sal. Para durar mais e ficar bonito, ter uma cor apetitosa e se manter cheiroso e macio são acrescentados corantes, acidulantes, edulcorantes, emulsificantes e outros “antes”. Qual o problema disso? “Esses componentes, tanto artificiais como naturais, são controlados e não fazem mal à saúde, mas não devem ser ingeridos em excesso”, diz Márcia Paisano Soler, engenheira de alimentos do Ital – Instituto de Tecnologia de Alimentos. “Isso porque a quantidade controlada é para um produto, e não sabemos ao certo as consequências de uma alimentação exageradamente empacotada”, diz Márcia.
O que fazer? A resposta de Michael Pollan: cozinhe sempre que puder. Se não comer em casa, dê preferência a restaurantes que servem comida mais caseira. Talvez isso soe radical, mas você prestará mais atenção nos ingredientes que consome. A estilista brasiliense Kátia Ferreira há anos incorporou o hábito de comprar alimentos frescos para preparar em casa. E os filhos Samuel e Lucas, de 11 e 12 anos, se acostumaram com a comida da mãe. “Eles não gostam de fast food porque não tiveram o hábito de ir. Não sou de comprar bolacha, refrigerante. Meus filhos gostam de tomar sucos de frutas. A centrífuga não sai da pia da cozinha”, diz Kátia, que trabalha 12 horas por dia e afirma que isso só é possível com uma vida doméstica bem organizada. Ela prepara grãos como feijão e lentilha uma vez por semana e congela as porções e também alguns pratos. “Outro dia o Samuel pegou uma lata de sardinha e viu que era válido até 2012. Ficou chocado e não quis levar”, conta Kátia.

3 Elabore uma estratégia para facilitar suas compras
O designer Mauro Minniti é um superespecialista em supermercados. Sabe como poucos as estratégias das lojas para vender mais produtos e as artimanhas que tornam o momento das compras – para muitos a coisa mais maçante do mundo – algo agradável. Ele é sócio da Design Novarejo, empresa focada em design de supermercados. A primeira dica dele é esta: crie o hábito de fazer suas compras sempre nos mesmos lugares (é bom ser mais de um para fazer a comparação de preços entre eles). Vale a pena criar um vínculo com um supermercado, porque você acaba conhecendo os funcionários e pode cobrar a qualidade dos serviços, exigir preços melhores e solicitar informações de produtos. “E o mais importante é que você desenvolve um relacionamento mais humano e menos comercial”, diz Mario. Fora que o hábito faz com que você conheça melhor a disposição dos alimentos nas gôndolas, o que agiliza bastante a hora das compras.
Escolhemos o supermercado a que Mario sempre vai perto de sua casa, no bairro de Moema, em São Paulo. Assim que chegamos, ele saca do bolso sua lista de compras com os produtos em falta na despensa e geladeira, bem específica para suas necessidades. Segundo ele, essa é a arma mais importante para agilizar sua ida ao súper e não voltar para casa com mais itens na sacola do que realmente precisa. Algo que não faz parte do hábito de consumo brasileiro: pesquisas mostram que mais da metade dos consumidores não faz lista de compras. Simplesmente entra no mercado e decide o que vai levar conforme vão passando pelas prateleiras.
Para minha surpresa a estratégia de Mauro é ainda mais elaborada. Sua lista está organizada de acordo com o trajeto que ele percorre, levando em conta a sequência de exposição de produtos nos corredores. Ele reservou uma ida ao mercado apenas para elaborar seu roteiro e traçar essa estratégia, que também leva em conta começar a compra pelos produtos mais pesados, depois os mais leves, incluindo os hortifrútis, e por último os congelados e refrigerados. “Os supermercados vão oferecer o mundo, tem os lançamentos, as degustações, as promoções, todo o material publicitário – e a lista te ajuda a manter o foco e não cair em armadilhas”, diz Mauro, enquanto empurra com destreza o carrinho. Sua organização é de dar inveja até as integrantes mais carolas da Associação das Donas de Casa de São Paulo.
Durante o percurso, Mauro diz que vale a pena dar preferência aos supermercados que apresentam uma imagem mais simples e aconchegante. Se ela é muito confusa, com bastante propaganda e poluição visual, não está comprometida com o bem-estar do consumidor. “A loja não pode cansar e os próprios supermercadistas estão buscando deixá-la cada vez mais clean, com menos barulho e cartazes”, explica.
Quando já estamos na fila do caixa, surgem as tentações. Mauro explica que os 20% finais de tempo no súper representam o maior perigo, pois são as compras feitas por impulso. Depois que você compra tudo o que necessita, vem o momento do deleite – e aí é bom prestar atenção para não exagerar. Doces, biscoitos e refrigerantes que ficam próximo ao caixa não estão ali por acaso.
O resultado final desta operação: economia e tempo. Está mais do que comprovado que, quanto mais tempo você ficar dentro da loja procurando produtos, mais você irá consumir.

4 Prefira sempre os corredores periféricos do supermercado
Você já deve ter reparado que a disposição dos supermercados de um modo geral é bem parecida: os produtos alimentícios industrializados ficam nos corredores centrais da loja, enquanto os alimentos mais frescos – hortifrutigranjeiros, laticínios, carnes e peixes, ficam nas laterais e no fundo. “Se você dedica seu tempo às prateleiras periféricas, está priorizando uma alimentação mais saudável”, afirma a nutricionista Neide Rigo, autora do blog come-se.blogspot.com. Ela ensina uma regrinha básica para o seu “momento supermercado”: priorizar os alimentos em que você enxerga “a cara”. É melhor levar carnes congeladas, que você vê o que é, do que comprar uma carne processada (empanados e embutidos, por exemplo), que é uma massaroca com outros ingredientes em sua composição. “Tais produtos servem para emergências, mas não devem fazer parte do dia-a-dia”, diz Neide.
Escolher alimentos mais frescos no lugar de semiprontos significa arrumar tempo para prepará-los. De acordo com Neide, é uma questão de organização – e de rever as prioridades. “Tem gente que gasta duas horas na academia, chega em casa e tira o prato pronto do congelador. Mas faz uma diferença razoável na qualidade da sua refeição reservar uma horinha para preparar uma salada, fazer um arrozinho fresco com um peixe grelhado, enfim, a comidinha básica”, diz Neide.
A nutricionista recomenda que se faça uma compra grande do mês no supermercado, para também repor os itens de limpeza e higiene, e compras semanais em mercadinhos do bairro e feiras para as refeições da semana.

5 Evite produtos que aleguem vantagens sensacionalistas para sua saúde
Equipada com um carrinho e uma copilota, fui conduzida pelo supermercado, fazendo pit stops quando avistávamos produtos com os seguintes dizeres nas embalagens: “Enriquecido com ferro”, “Mais cálcio”, “Agora com vitaminas A, D, e E”. Minha acompanhante, a nutricionista Cynthia Antonaccio, explicou que essa é uma tendência recente da indústria de alimentos, a de melhorar seus produtos, adicionando vitaminas e minerais e, em alguns casos, estampar seus benefícios, dizendo que diminui o colesterol ou faz bem para o coração. “De fato, é um movimento bastante positivo, mas você precisa prestar atenção no rótulo. Observe se o produto tem quantidades controladas de açúcar, sal e calorias – porque de nada adianta uma bolacha ter muito açúcar ou gordura, por exemplo, e ser enriquecido com alguma vitamina”, diz Cynthia. Então, o que fazer? Primeiro, suspeite. Depois, olhe a composição do produto e avalie se ele vai para o carrinho.
Passamos pela seção de hortifrútis e damos de cara com uma pilha de tomates. “Alimentos in natura, como vegetais, frutas e grãos, certamente são sempre a melhor opção e em geral dispensam comunicação e rótulos”, diz Cynthia. Não tem nenhuma placa dizendo que o tomate é rico em licopeno, que fortalece o sistema imunológico. O recado é o seguinte: você nem precisa comer alimentos enriquecidos artificialmente se tem uma alimentação naturalmente mais equilibrada, variada e rica.

6 Pague mais, coma menos (e com muito mais prazer)
Na gôndola, uma placa chama a atenção para o preço convidativo de um produto. O precinho é tão camarada que você não resiste e acaba levando logo uns três. Este é objetivo: vender mais. E iguarias produzidas pela indústria em enormes quantidades muitas vezes conseguem ser vendidas mesmo a um preço espetacular. O ponto é que alimentos mais bem cuidados e produzidos de forma menos intensa não conseguem um preço tão competitivo e são normalmente mais caros. Veja o exemplo dos orgânicos, que são produzidos sem pesticidas, em escalas menores, e portanto tem um preço mais salgado. Claro que essa não é uma regra, mas a idéia aqui é trocar a quantidade de alimentos pela qualidade.
Os nutricionistas alertam que uma dieta baseada mais na quantidade do que na qualidade conseguiu produzir pessoas que conseguem ser superalimentadas e subnutridas ao mesmo tempo. É o resultado de uma alimentação rica em calorias e pobre em nutrientes. Para escapar dessa enrascada, a receita é esta: preste atenção na qualidade do alimento e maneire no tamanho do prato.
Uma das populações mais longevas e saudáveis do mundo, o povo de Okinawa, no Japão, pratica um princípio que se chama hara hachi bu: comer até estar 80% saciado. Ou seja, não se empanturrar e fazer algo que os franceses seguem à risca – diminuir o volume do prato, mas nem por isso deixar de ter prazer com a refeição. Saber se você não está passando dos limites é mais simples do que parece. Fique atento aos sentidos durante refeição, em vez de comer distraído ou na frente da TV.

7 Coma como os franceses. Ou os italianos. Ou os japoneses
Ou ainda os gregos, os árabes, os indianos. Quando a alimentação segue uma tradição cultural, tende a ser naturalmente mais saudável. Isso porque foi elaborada levando em conta os produtos locais, mais frescos. Tome como exemplo o Japão, que por décadas teve como ingredientes básicos de sua culinária arroz, vegetais e peixes em abundância, já que o país é uma enorme ilha cercada de mar. Uma alimentação leve que nos últimos anos foi drasticamente alterada com a incorporação de hábitos de consumo ocidentais. Os japoneses passaram a devorar salgadinhos, pratos para microondas e todo tipo de comida embalada. Todos esses produtos, vindos de outros países, abalaram a economia do país no setor – e a saúde da população. A ponto de o governo japonês criar recentemente uma grande campanha que incentiva os japoneses a recuperar os velhos costumes e voltar a saborear os pratos típicos.
Tem mais. Dietas tradicionais vêm temperadas com hábitos e rituais ancestrais de consumo, que levam em conta, sobretudo, comer com fruição, sentar ao redor da mesa e partilhar com familiares e amigos uma refeição. Já a alimentação ocidental industrializada perde em todos esses quesitos. O que predomina é a comida barata, rápida e fácil de ser feita. E já vimos que para comer bem é importante investir mais tempo, esforço e recursos. “Se a dieta ocidental se preocupa com a praticidade e o shelf life, o tempo de vida do alimento, para ele durar mais na despensa, eu estou mais preocupada com o meu tempo de vida”, diz Cenia Salles, líder do Movimento Slow Food de São Paulo. Uma alimentação, esta sim, longa vida.

Do lixo ao luxo



Ecomoda, green labels, moda verde, sustentável ou ecológica. Tanto faz! O importante é vestir a camisa em prol do meio ambiente

Garrafas pets viram blusas. Películas de cinema transformam-se em bolsas. Planta tradicional da Amazônia torna-se tecido 100% ecológico. Difícil de acreditar? Nada como criatividade, bom gosto e pensamento vanguardista para estilistas levarem às passarelas e para o dia-a-dia uma moda ecologicamente correta.

Os acessórios utilizam material reciclado e as roupas são feitas a partir de fibras, tintas e tecidos naturais, que na hora da produção não utilizam produtos químicos, fertilizantes, pesticidas ou qualquer produto prejudicial à natureza.

A designer Rubia Calazans recicla a película de cinema, material que leva mais de 100 anos para se degradar, na confecção de bolsas, tops, colares, entre outros. "Comecei a reciclar com fitas K7, filme fotográfico e depois veio a película. Reaproveitar sempre fez parte do meu contexto de vida", conta a carioca que faz esse trabalho há 6 anos.

Em todas as peças de Rubia, os acabamentos são feitos manualmente. Uma equipe que faz o processo inicial, mas a finalização fica por conta da designer. O material reciclado é trabalhado com pontos de crochê, fechos de velcro ou metais. Além de ser uma atitude que a natureza agradece, Rubia explora a transparência, opacidade e brilho da película sendo possível visualizar as imagens dos filmes.

No caso de tecidos, existe um exemplo de pesquisa bem sucedida que traduz o esforço e dedicação do estilista Caio Von Vogt. Há aproximadamente 10 anos, ele criou o primeiro tecido 100% ecológico e orgânico do mundo, o EcoVogt, com patente e registro internacional. Este é fabricado pela Companhia Têxtil de Castanhal e feito de fibra de juta, planta cultivada na Amazônia.

Inicialmente, a juta era utilizada apenas na produção de sacos, forração de tapetes, entretelas e outros. A partir da pesquisa desenvolvida por Von Vogt, agora é possível utilizá-la na confecção de camisetas, ecobags (bolsas que substituem as sacolas plásticas), cintos e etc. "O benefício do EcoVogt é que em contato com a natureza leva apenas 2 anos para se degradar, enquanto fibras sintéticas de poliéster levam 100 anos. O plástico 500 e o algodão 10", conta o antenado estilista.

O que faz com que o tecido EcoVogt seja 100% ecológico e orgânico é o processo de utilização de fixadores e amaciantes extraídos de plantas nativas brasileiras na hora do tingimento. São plantas como açafrão, pau-brasil, urucum, entre outras, que trazem a cartela de 12 cores.
Para Von Vogt, o que ajudou a mudar a cultura da reciclagem e faz com que as pessoas se conscientizem é a campanha "Eu não sou de plástico", que inicialmente veio da Europa e dos EUA com a intenção de eliminar as sacolas de plásticos com opções de bolsas na hora de carregar as compras. "Isso veio para clarear a idéia das pessoas", diz o estilista.

Porém, ele afirma que no Brasil temos um problema cultural. "Não é possível mudar da noite para o dia certos hábitos, como fechar a torneira na hora de escovar os dentes ou tomar banho rápido. Para muitos ainda é utópico dizer que a água vai faltar, pois por enquanto não é uma necessidade real", esclarece Von Vogt. Ainda assim ele espera que as próximas gerações sejam mais conscientes, já que todo esse problema sócio-ambiental é muito recente no Brasil, mas tende a ser passado na educação das crianças de hoje.

Nas PassarelasNo São Paulo Fashion Week, em junho, Oskar Metsavaht, estilista da Osklen, causou furor ao utilizar couro e plástico em sua coleção. Mas, segundo o estilista carioca, conhecido por ser pioneiro da moda sustentável, as peças serviram para alertar o que de fato é mo-da ecologicamente correta. Metsavaht reciclou o plástico para fazer chapéus, coletes e capuzes.

Já o couro foi utilizado por haver uma superpopulação de jacarés que afeta o desequilíbrio da fauna na Amazônia. Então, muitas instituições abatem os animais, deixam a carne com a população local e aproveitam a pele para a moda. Além de estilista, Metsavaht é médico e criou o Instituto E para avaliar materiais que não afetem o meio ambiente e que possam ser utilizados pela indústria da moda.
No SPFW, o reaproveitamento de materiais também foi tema das grifes Maria Bonita, UMA e Jefferson Kulig. A primeira utilizou tecidos orgânicos e fibras naturais, ao passo que UMA reciclou borracha prensada sobre tafetá e Kulig mesclou elementos tecnológicos e orgânicos criando a expressão tecnôrganico.

Eco Fashion BrasilPara os universitários ou recém formados em moda, que pensam em fazer roupas conscientes, uma boa opção é participar do concurso Eco Fashion Brasil. É o caso da estudante Romênia Ishiyama, que acredita ser uma necessidade pensar em moda sustentável. "Como estudante e futura profissional tenho responsabilidade e obrigação de ajudar a indústria a encontrar soluções menos agressivas", afirma Romênia.


A universitária irá retratar em sua coleção a Mata Atlântica, que foi preservada em Itacaré (BA) e para isso vai utilizar tecido orgânico, fibra de coco, de juta, entre outros. O concurso utiliza como critério de seleção a inserção da idéia de sustentabilidade na indústria da moda. Sobre os benefícios que o Eco Fashion Brasil traz, Romênia diz que são iniciativas como essa que refletem para onde é preciso caminhar. "A indústria têxtil precisa aprender a cuidar do meio ambiente", afirma a estudante.




Fonte: A Capa.

Islândia lidera tecnologia de hidrogênio combustível



A Islândia caminha a largos passos para ser o primeiro país do mundo a substituir os combustíveis fósseis pelo hidrogênio. O plano, traçado há cerca de três décadas, começou a se tornar realidade a partir de 1999, com o início dos trabalhos da Nova Energia Islandesa - INE, um consórcio de empresas que visa impulsionar a tecnologia do hidrogênio no país.


Os planos da INE são de longo prazo: estima-se que serão necessários 40 anos até que a tecnologia esteja completamente implementada no país. No entanto desde 2003 circulam no país ônibus movidos a hidrogênio e, até o final de 2006, a INE espera introduzir os primeiros carros alimentados com este combustível nas ruas.


Suas três fundadoras, Shell, DaimlerChrysler e e a companhia de energia e metais Norsk Hydro, se uniram ao governo irlandês, universidade e instituições de pesquisa para formar um consórcio único no mundo. O know-how de cada uma das corporações é fundamental para as pesquisas: a Shell contribui com sua experiência na distribuição de combustíveis, a DaimlerChrysler com seu conhecimento na fabricação de veículos e a Norsk Hydro a tecnologia de produção do hidrogênio.


O objetivo irlandês de se tornar o país pioneiro no uso do hidrogênio como combustível se divide em três etapas. Num primeiro momento, a idéia é converter os ônibus do país. Em seguida, os automóveis particulares.A terceira e mais importante etapa é converter a frota pesqueira ao hidrogênio. A indústria pesqueira é uma das maiores fontes de renda do país: seus subprodutos constituem 62% das exportações. Devido ao alto consumo de petróleo da frota pesqueira, o consumo per capita de combustível islandês é muito mais alto que o de outros países europeus.


O projeto islandês tem se desenrolado se grandes problemas. “Até o momento o projeto está indo extremamente bem”, diz Jon Bjorn Skulason, líder da INE. único desafio significativo até hoje ocorreu quando um tubo no posto de abastecimento de hidrogênio dos ônibus, localizado na capital Reykjavik, se rompeu demandando um pequeno reprojeto. DesafiosO maior desafio é o alto custo da tecnologia.




Um ônibus movido a hidrogênio é entre oito e dez vezes mais caro do que um tradicional, movido a diesel. O hidrogênio também apresenta custo elevado de produção. A tendência dos custos é diminuir ao longo do tempo, com a produção em série dos veículos.


Outra dificuldade é a limitação do tempo de rodagem do veículo a hidrogênio: enquanto um tanque de combustível de ônibus a diesel tem combustível suficiente para rodar entre 18 e 20 horas diárias, o coletivo a hidrogênio tem capacidade de armazenação de combustível para no máximo 12 horas ao dia. O problema está sendo resolvido com o desenvolvimento pela DaimlerChrysler de uma bateria que acumula as sobras de energia desperdiçadas durante seu funcionamento, que poderá ser ligada quando o combustível terminar.

Suécia transforma esgoto em combustível para carro


Planejando uma viagem de carro? Lembre-se de ir primeiro ao banheiro. A cidade de Gotebörg está entre as dezenas de municípios da Suécia equipados com sistemas que transformam eflúvios de esgoto em biogás, em volume suficiente para operar milhares de carros e ônibus.


Os carros que utilizam biogás criaram sensação quando foram lançados em larga escala, cerca de uma década atrás. As emissões de gases de escapamento eram virtualmente inodoras, o combustível é mais barato que a gasolina e o diesel, e a idéia de recuperar energia com base em dejetos era atraente para os suecos, um povo que aprecia a ecologia.

"Quando você vai ao banheiro de manhã e alguma coisa de bom resulta disso, é fácil se deixar encantar pela idéia - é como uma utopia", disse Andreas Kask, consultor de negócios e motorista de táxi em Göteborg. "Mas na prática a coisa não funcionou assim tão bem por aqui".

Os motoristas se queixam do baixo número de postos de abastecimento, e de que os tanques dos carros só comportam biogás suficiente para duas ou três horas de uso. Alguns afirmam, além disso, que os modelos iniciais de carros movidos por biogás custavam a pegar nas manhãs chuvosas e que o espaço dos porta-malas era reduzido em função dos volumosos tanques necessários.

Os críticos também questionam a sustentabilidade da tecnologia, porque alguns dos sistemas utilizem os mesmos gasodutos que conduzem gás de cozinha às residências dos consumidores, o que gera mistura dos dois combustíveis.
Dois anos atrás, a Volvo, empresa sueca controlada pela Ford Motor, anunciou que suspenderia a produção de seus modelos movidos por biogás, e se concentraria em lugar disso na fabricação de veículos de baixo impacto ambiental acionados por uma mistura de gasolina e etanol. "Não vendíamos carros em número suficiente", disse Maria Bohlin, porta-voz da Volvo, em referência aos modelos acionados por biogás. "Talvez venhamos a reconsiderar a produção de carros acionados por biogás um dia, mas o momento ainda não chegou".

Desde que a Volvo decidiu deixar de lado a tecnologia do biogás, o uso do etanol avançou no mercado sueco, a despeito das críticas de que ele acelera o desflorestamento e influencia na elevação dos preços dos alimentos. Feito de açúcar e de grãos, o etanol também é vendido por um pouco menos que o biogás, em Gotebörg, ainda que os proponentes do biogás afirmem que seu combustível oferece quilometragem muito superior.

Goran Varmby, um funcionário da Região de Negócios de Gotebörg, uma organização sem fins lucrativos que promove o comércio e a indústria na região, disse esperar que a Volvo retomasse a produção de veículos movidos por biogás. "Mas existem muitos interesses econômicos fortes por trás do etanol", afirmou Varmby. Ele estava se referindo aos generosos subsídios que agricultores e produtores de biocombustíveis europeus recebem na Europa e nos Estados Unidos pelo cultivo e processamento de safras que permitam a produção de combustíveis.
Quimicamente, o biogás é igual ao gás natural produzido como combustível fóssil, mas sua produção depende de um processo sob o qual bactérias se alimentam de matéria fecal por cerca de três semanas em uma câmera sem oxigênio. O resultado é uma mistura de dois terços de metano e um teço de dióxido de carbono, além de um resíduo rico em nutrientes que pode ser usado em fertilização ou como material de construção.
Depois que o metano é filtrado, ele é bombeado pela rede de gasodutos de Gotebörg e chega a postos de abastecimento especializados, onde é pressurizado para venda. Qualquer carro com um motor e tanque configurado para uso de gás natural comprimido pode usar biogás.
Depois de cada abastecimento, um volume correspondente de biogás é injetado na rede municipal de gás natural para compensar a venda, disse Bo Ramberg, presidente-executivo da FordonsGas, sediada em Gotebörg, que opera a maior cadeia de postos de abastecimento de biogás na Escandinávia.

A idéia é que o volume de gás utilizado pelos veículos seja compensada pelo gás produzido com dejetos orgânicos. Ramberg, que foi executivo da Volvo, diz ter deixado a empresa cerca de uma década atrás criar a FordonsGas ao perceber uma oportunidade de promover a infra-estrutura necessária a entregar biogás aos motoristas. "Pretendemos certificar as emissões de todo o ciclo de produção e uso do biogás", dise Ramberg.
"Mas já acreditamos firmemente que o biogás seja o melhor combustível em termos de baixo volume de emissões", acrescentou ele. "Isso ninguém discute".
A FordonsGas, controlada parcialmente pela Dong Energy, uma companhia dinamarquesa, realiza pequenos lucros a cada ano, e continua a investir em novos postos de abastecimento de biogás, diz Ramberg.
Os defensores do biogás reconhecem que a decisão da Volvo de suspender a produção de veículos movidos pelo combustível representa um sério revés para a tecnologia. Mas eles afirmam que a decisão da Mercedes e da Volkswagen de lançar novos carros movidos por biogás no mercado sueco, este ano, e os incentivos fiscais e descontos oferecidos aos compradores desse tipo de veículo, podem estimular a venda de carros e do combustível.

O biogás como combustível para veículos está disponível também na Suíça, França, Alemanha e Áustria, mas a Suécia é o principal país usuário na Europa, de acordo com Irmgard Herold, analista da New Energy Finance, de Londres.

Ole Frederiksson, engenheiro da Gryaab, a estação de tratamento de esgotos de Gotebörg, diz que o usuário médio lança ao esgoto a cada ano biogás suficiente para dirigir 120 quilômetros.
"Caso o preço do petróleo continue em alta, e as pessoas se disponham a pagar mais por energia renovável, isso interessaria nossa empresa em produzir mais biogás", ele afirmou. "A capacidade existe".

Tradução: Paulo Migliacci ME